A carreira de uma das maiores artistas brasileiras, Tarsila do Amaral

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021 23:05:18 America/Sao_Paulo

Tarsila do Amaral

Tarsila do Amaral

Paulista de Capivari, Tarsila do Amaral nasceu em 1886 e foi uma das maiores artistas plásticas da história da arte brasileira, além de uma das mais reconhecidas e mais valorizadas com o passar do tempo. Passou a infância na fazenda de sua família e com 16 anos de idade mudou-se com os pais para a Espanha, onde estudou no Sacré Couer de Barcelona.

Sua primeira obra é feita na Europa e sua volta ao Brasil acontece 11 anos mais tarde, quando se estabelece na cidade de São Paulo. Na capital paulista, Tarsila casou-se e teve uma filha. Seus primeiros contatos com estudos artísticos acontecem anos depois de sua volta ao Brasil, em 1917, quando começa o estudo de pintura e ilustração com o artista Pedro Alexandrino e com a grande artista Anita Malfatti. Depois dos primeiros estudos, Tarsila conhece o alemão Georg Elpons, artista que lhe deu aulas de pintura e fez com que ela conhece diferentes áreas das artes plásticas.

Talvez os grandes saltos artísticos ou as grandes mudanças na maneira com que Tarsila observava as obras e seu desenvolvimento aconteceram em dois momentos: com a sua mudança para Paris e após a sua volta de lá. Em paris, enriqueceu seus conhecimentos artísticos na Academie Julian e com a artista Émilie Renard e com sua volta inseriu em seu repertório algo mais prático que teórico.

Gravura de Tarsila do Amaral

Gravura de Tarsila do Amaral

A breve volta ao Brasil

A volta de Tarsila ao Brasil acontece em julho de 1922, após a Semana de Arte Moderna de São Paulo, com a ajuda de sua amiga e antiga professora Anita Malfatti, que também lhe informou por cartas sobre os acontecimentos da Semana. Permanece apenas seis meses no Brasil e conhece o escritor Oswald de Andrade, por quem se apaixona e com quem se casaria mais tarde.

Durante os seis meses, Anita é a responsável pela inserção de Tarsila do Amaral no movimento modernista brasileiro da época e é ela quem a apresenta aos escritores Oswald e Mário de Andrade. Juntos, eles formariam o Grupo dos Cinco. Após a formação do grupo é perceptível algumas mudanças no olhar artístico de Tarsila, que começa a apresentar traços mais fortes e cores mais saturadas em suas obras.

Tarsila do Amaral - A Cuca

Tarsila do Amaral - A Cuca

A volta a Paris

Quando volta à capital francesa, Tarsila leva do Brasil o desprendimento das teorias artísticas e uma maior valorização ao prático junto a Oswald, que vai ao seu encontro meses depois de sua volta e começa a ter maior contato com a classe intelectual francesa.

São nos anos posteriores ao seu retorno a Paris que podemos ver suas pinturas mais reconhecidas e as suas características inconfundíveis nas figurações, que trazem consigo a referência ao popular, ao dia a dia dos brasileiros, às paisagens do nosso país e as cores com tonalidades intensas.

Tarsila do Amaral – Antropofagia

Tarsila do Amaral – Antropofagia

A Abaporu, sua importância e sua crítica implícita

O casamento de Tarsila e Oswald acontece em 1926, três anos após sua volta a Paris. Dois anos após seu casamento, é produzida uma das telas mais importantes da história da arte brasileira, a Abaporu, que é dada de presente ao escritor. Mas, ao contrário do pensamento comum, a tela não só mudou sua carreira e a história da arte brasileira, como foi a responsável por mudar a maneira que Oswald via o Brasil, representando em suas obras a crítica de que os brasileiras, na maioria das vezes, tinha seu poder cultural e intelectual subvalorizados e sua força física explorada.

Fernando Ribeiro - Tarsila do Amaral

Fernando Ribeiro - Tarsila do Amaral

O amadurecimento e o final de sua carreira

A partir da década de 1930, podemos perceber que as obras de Tarsila começam a experimentar novos olhares, novas cores e novas realidades, as vezes com uma geometria mais explorada, outras com técnicas mais clássicas e cores e traços que levam mais ao realismo, mas sempre com uma crítica social implícita.

Tarsila do Amaral foi um dos maiores nomes da arte brasileira e faleceu em 1973, em São Paulo. Ela tem até hoje suas obras reunidas, expostas e valorizadas, como em 2019, quando o MASP fez uma exposição reunindo 92 de suas obras.