Maria Bonomi: conheça fatos interessantes sobre a Epopeia Paulista
Maria Bonomi é uma artista com extenso curriculum que é referência na área. Nascida em 1935 na Itália, construiu uma carreira sólida no Brasil e contribuiu com a sociedade ao criar obras públicas importantes.
Se especializou em esculturas enormes que integram espaços e se conectam com o local físico, a história do lugar e com os transeuntes. Um dos grandes destaques é o painel Epopeia Paulista, um dos grandes marcos na cidade de São Paulo em dos pontos mais movimentados.
Epopeia Paulista na estação luz do metrô de São Paulo
Maria Bonomi fez um painel para a estação da Luz dedicado aos imigrantes e migrantes que já passaram por ali ao longo de mais de 100 anos de existência. Uma homenagem ao povo de outras cidades e países, que ajudaram no crescimento da cidade.
Todos os dias, cerca de 1 milhão de pessoas passam pela galeria onde fica o painel, local de ligação entre linhas do metrô e trem.
Ao todo o muro ocupa uma área de 73 metros e foi confeccionado em três blocos. As gravuras no estilo cordel contam uma história homenageando e servindo de lembrete cívico.
Povo multiétnico de São Paulo
Mostra que a estação Luz acaba sendo um local de passagem comum a quem chega a maior cidade da América Latina em busca de uma oportunidade. Representa o povo multiétnico, plural e diverso.
Indagação social e objetos perdidos
A artista usou objetos esquecidos nos trens e metrôs na composição da obra. As gravuras fazem uma indagação social, onde questiona as condições e oportunidades, além da desigualdade comum da cidade.
Os objetos recolhidos ao longo dos anos e incorporados no painel representam uma metáfora para representar todos os povos diferentes evocando o conceito de memória. Afinal, são uma prova física das histórias individuais. Eles ficaram presos no tempo e fizeram parte de algo.
Cores
Amarelo Ocre, vermelho-terra e branco foram usados com aplicação de cimento branco estrutural. Inicialmente fazem referência ao café, a indústria e serviços. De forma mais profunda, o amarelo representa o nordeste, o vermelho narra as memórias esquecidas e o branco faz um corte no espaço-tempo, representam uma nova realidade e a visão do passageiro quando chega a estação Luz com um futuro a ser preenchido.
Como o painel foi construído
Como o painel era gigantesco, Bonomi trabalhou em uma galeria dentro do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo no sistema colaborativo, segundo a artista “uma obra de mil mãos”.
Durante quatro anos foi confeccionada e o processo de sua evolução foi colocada a disposição de grupos, estudantes de arte e interessados pelo processo de criação da Epopeia Paulista, encomendada pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.
A ideia inicial era usar a construção civil e aproveitar um muro no local onde fica a estação quando foi pensada por Maria Bonomi e pelos arquitetos Meire Selli e Rodrigo Velasco. No entanto, o plano se tornou impossível.
Na galeria do museu, as enormes placas de concreto foram transformadas em matrizes desenhadas e escavadas. Foram feitas 980 matrizes ao total. 185 placas foram esculpidas a partir de mais de 700 desenhos. Foi inaugurada no dia 26 de dezembro de 2004.