Julio Le Parc: a importância do espectador em suas obras
Julio Le Parc é um dos grandes nomes do modernismo onde desenvolveu obras sensoriais usando arte óptica e cinética. Para quem coleciona arte terá em seu acervo obras valorizadas, reconhecidas de um artista ativo que já foi chamado de ícone e um dos grandes, senão maior nome da arte Argentina. Le Parc ainda trabalha de seu estúdio em Cachan, local afastado de Paris onde vive desde os anos 70.
Formas geométricas estabelecendo relacionamentos
Trabalhando intensamente desde 1958, o artista dedicou seu tempo e recursos na tentativa de extrair algo que ele pudesse sentir e sempre estava prestes a emergir. A falta de materiais não o impediu de criar. Com influência do construtivismo com possibilidades para trabalho de figuras geométricas, usou textos e trabalhos do pintor construtivista Piet Mondrian no começo de sua carreira.
Então, ele e outros artistas começaram a trabalhar examinando o relacionamento entre as formas ou até expandindo. Muitas de suas obras possuem origem a partir da reflexão acima com estudos, experimentos e tentativas de manifestar este conceito.
De um lado a experiência, do outro o espectador
De um lado estava a experiência em superfície e do outro lado os espectadores. Ainda existia um terceiro lugar que era o relacionamento entre olho e a superfície. Tudo baseado na prática sem uso de teorias científicas.
Obras com desdobramentos e variações
Portanto, cada pessoa teria a capacidade de ver, observar, interagir com capacidade de estabelecer um relacionamento com a experiência. Isso possibilitou que os trabalhos tivessem muitas possibilidades de desdobramentos tendo um grande número de variações.
Efemeridade da instabilidade
Ao incorporar movimento se estabelece esse relacionamento com noção de instabilidade. Algo que é e deixa de ser no próximo momento. Depois vem a ser novamente outra coisa. Tudo em tempo real.
Experiência com interação
Segundo contou para uma entrevista de 2013 para a Cultura, quando as pessoas são convidadas nas interações, elas são muito receptivas com grandes capacidades de observação, de ver e comparar.
Em muitos casos quando elas escrevem ou descrevem o que viram, acabam tendo concepções, tão boas ou melhores, que a dos críticos.
Energizar e dar outros olhares
Em 2017, Julio Le Parc deu uma entrevista para a revista Apollo onde contou que tinha fé na possibilidade de que alguém que tenha baixa renda, com uma ocupação ou de posição subordinada em termos de vida social, trabalho e família, conseguisse se sentir energizado depois de visitar suas exibições para conseguir ter otimismo e proceder de uma forma diferente em suas vidas.
Ainda complementa contando que a arte é um conduíte para estimular mudanças na sociedade, além de criar consciência e atenção. Além disso, com otimismo as pessoas conseguem superar situações tremendas.
Portanto, as pessoas além de serem parte fundamental das obras criadas por Julio Le Parc, existe um lado que propõe mudanças interiores, além de serem inspiradoras. O lado humano do espectador interage, cria e reflete, sendo importante em vários aspectos mudando de percepção, assim como ocorre com as obras de Julio Le Parc.