Leda Catunda: arte com colagens, volumes e reflexões

sexta-feira, 15 de setembro de 2023 11:22:00 America/Sao_Paulo

Leda Catunda é uma artista plástica brasileira proeminente importante do circuito de arte moderna.

Ela faz muitas gravuras com colagem que possa dar a sensação de alternabilidade da imagem.

A colagem dá um aspecto inusitado para a gravura que por padrão deve se repetir. Usa imagens com bordas arredondadas e são sua marca.

Síntese e construção

A gravura tem um trabalho de síntese de forma essencial. Leda faz um tipo de pintura objeto, que possui relevos e um raciocínio de construção que parte de desenhos, como de encontros de materiais. Faz uma soma dos materiais e a artista faz uma pintura por cima para criar uma linguagem que tira vantagem da ideia da colagem.

Críticas da sociedade hiperconsumista

Já fez uma série de imagens com colagens demonstrando gostos variados para refletir o sentido de uma sociedade hiperconsumista, que justifica seu consumo através de seus amores. Por exemplo, surfe, futebol ou um estilo musical, que aspiram um consumo afetivo onde essa imagem traz um visual em que acaba dissipando o bom gosto pessoal tirando o senso crítico das pessoas.

O resultado disso é algo emblemático que reflete na construção dos ídolos, que pôde ser visto na exposição I Love You Baby de 2016.

Processo de criação

A artista tem uma parede de aquarelas onde Leda investiga objetos testando formas e possibilidades. Alguns se transformam em obras, como servem de especulações, que se transformam em paisagens e abstrações.

Segundo Leda, o artista deve absorver o seu tempo e demonstrá-lo através de sua arte. Confira abaixo as principais características com informações coletadas de vídeos e entrevistas:

  • O que era rígido e plano ganha volume e movimento;
  • Uso de formas orgânicas;
  • Materiais com recortes, tecidos com pinturas em acrílico e costura;
  • A artista não produz imagens e usa as que já estão disponíveis;
  • As inspirações possuem origem em seu cotidiano;
  • Objetos caseiros dão uma sensação de aconchegamento em que eles ganham nova dimensão e textura.
  • Usa objetos moles – colchão, tapete e toalha, cortina de banheiro, etc;
  • Exagero do aspecto artesanal;

 

Motivos de não criar imagens e desenhos novos

Existe uma negação, pois com tantos à disposição, seja a nível industrial das embalagens, como de estampas de roupas, Leda se aproveita do que já foi criado ressignificando tudo.

O que suas obras refletem

  • Xeque do gosto onde não existe exatamente um critério;
  • Reflexão em relação a gosto x valor;
  • A arte cria uma metáfora que fala de mitos em que as imagens de embalagens levam a um conforto mental ilusório;
  • Romance que as pessoas têm com a vida projetando seus desejos em atos, quando na verdade a vida se faz nas coisas cotidianas;
  • Evoca imagens pela memória relacionando a elementos que tenham marcado a vida das pessoas. Um veludo que lembra uma cortina de teatro, por exemplo.

Obras volumosas

Se dedicou a obras que projetam volume que fazem a superfície macia ter dramatização (tecidos moles. Se aproveita das pinturas feitas por partes, como da incapacidade do tecido cobrir a tela onde usou recortes e entrelaçamentos. Por exemplo, gotas que vão grudando umas nas outras.

Obras mais recentes explicadas

Copa Family – fala sobre afetividade e a importância dos outros. O tecido imita o piso de copacabana com uso de cores que refletem o lado carnavalesco e fantástico do bairro do Rio de Janeiro.

Três –  São 40 gravuras com colagens. A artista faz parte do conselho do grupo Aurora e produziu imagens de três partes que se fundem. Elas têm pequenas partes comcolagens com uma parte central que muda de cor, de acordo com a preferência das pessoas, além de uma borda com franjas como acabamento ou mudança do assunto.

A obra tem cores laranja, fundo rosa, amarelo, azul escuro e turquesa sobrepostos. O interessante é que cada pessoa enxerga algo na imagem subjetiva.