O Concretismo das obras calculadamente completas de Judith Lauand
Nascida na pequena cidade de Pontal, da região metropolitana de São Paulo, em 1922, Judith Lauand seria uma das maiores figuras da arte brasileira e passaria por diversos segmentos e movimentos da arte, e, ao mesmo tempo, seria pouco encaixá-la definitivamente em um desses segmentos. Apesar disso, a maior parte das obras e as mais importantes de Judith foram consideradas parte do movimento concretista e neoconcretista.
Nascida em um ano de suma importância e marcante para a História da Arte brasileira, a pintora e gravadora começou seus passos na arte com figurações e naturezas mortas, que aos poucos foram migrando em uma junção de um acidente com o seu natural excesso de talento para as abstrações típicas do movimento concreto.
A paulista começou o seu aprendizado artístico se formando na Escola de Belas Artes de Araraquara, no interior de seu estado natal, e a partir de sua formação se mudou para São Paulo com a ideia de intensificar a técnica da gravura em seu repertório e teve como mentor o também artista plástico Livio Abramo.
A migração estilística
É na época de sua mudança à Capital, entre o meio da década de 50 e início da de 60, que Judith intensifica suas vertentes concretas e migra do expressionismo de suas naturezas mortas às formas geométricas que a marcariam como a Dama do Concretismo, um movimento onde a forma da realidade é mais valorizada que a realidade em si, no qual o que está presente na realidade é representado de outra maneira.
É nessa época também que a artista realiza a sua primeira e uma das, se não a mais a importante, exposição de sua carreira e é convidada a entrar no Grupo Ruptura. Essa entrada foi marcante para a cultura brasileira, já que seria a única mulher do Grupo em uma época em que o trabalho feminino não era nem um pouco valorizado.
Judith Lauand - Sem Título 2
A facilidade de inserção de novas técnicas e de se encaixar em novas vertentes
Muitos consideram Judith uma artista concreta, porém com o fato de não se apegar ao movimento, muito menos a nomenclaturas, o que pode ser comprovado a mudança clara de estilo em meados de 1960 quando a PopArt estava em plena e vertiginosa alta e pode se verificar claramente a interferência do movimento em muitas das obras da paulista.
Uma carreira concreta
Com traços leves e marcantes, a paulista foi uma artista com fases bem definidas e sem rótulos. Coloriu, figurou a realidade e soube a representar com elementos presentes nela sem a imitar. A Dama do Concretismo Brasileiro teve uma carreira concreta, mas não fez do concretismo um descanso, pelo contrário, partiu dele e passou por ele em uma obra completa.
Judith Lauand vive até hoje em São Paulo e com 99 anos de idade ainda tem suas obras expostas frequentemente em vários países. Em 2017, teve suas obras expostas em uma importante Galeria de Nova Iorque.