A criação, as técnicas apuradas e autodidatas e os ideais do artista Mário Gruber
Mário Gruber
Paulista de Santos, Mário Gruber nasceu em 1927 e descobriu-se artista logo criança, quando encontrou uma caixa de pintura de sua mãe. Na Caixa, algumas tintas e alguns pinceis. No sentimento, uma explosão. A arte afloraria em suas veias naquele inesquecível momento.
O primeiro quadro foi pintado aos 9 anos de idade e os primeiros aprendizados com tutores em 1946, 3 anos depois de começar a pintar profissionalmente, quando se matricula na Escola de Belas Artes de São Paulo e aprende técnicas artísticas com Nicolau Rolo. Em 1949, na Escola de Belas Artes em Paris, estudou gravura e o aprendizado eterno na carreira de Mário talvez tenha sido o que o tornou um grande mestre da História da Arte Brasileira.
De uma família de pintores, Gruber foi criador. Criou conceitos explícitos e implícitos em suas obras, como as bombas atômicas que significavam uma possível falta de sentido para a vida. Em épocas de guerra, as pessoas tendiam a pensar no motivo de crescerem em conhecimento e em evolução pessoal, já que uma bomba poderia pausar com todos os sentimentos e com seus afazeres.
A crítica necessita do conhecimento artístico
Na mesma medida de suas criações, Gruber reflete que a arte possibilita que todos tenham o poder de decifrar o seu real significado, a sua escrita e a sua pintura. Considera, entretanto, que todos primeiro precisam aprender a ver uma obra e decifrá-la da forma correta, assim como entender uma música. Sentir, todos podem, mas para criticar de fato é necessário o conhecimento.
Considerado um expressionista pelos críticos de arte e um autodidata por natureza, Gruber passou pelo realismo e pelo figurativismo e aprendeu sozinho pelo Brasil no início de sua carreira. Contou com a ajuda de alguns tutores, mas evoluiu imensamente após sua passagem pela Europa, quando entre outras técnicas aprendeu mais sobre a pintura e a gravura e teve influência de grandes artistas locais.
Mário Gruber – Fantasiados
Dentre os pontos fortes de suas obras estão a luz aprimorada, rica e abundante, e as pinceladas leves, calmas e precisas. Dentre as figuras comuns criou personagens interessantes e curiosos, como os magos e os robôs e as obras da série “Fantasiados”.
Mário Gruber - Fantasiados
O reconhecimento internacional e o preconceito nacional
No Brasil, Mário sempre foi discriminado desde garoto, ao contrário do que acontecia na Europa, onde era chamado de mestre quando as pessoas sabiam de sua profissão. Mesmo assim seu talento e qualidade não permitiram que Gruber ficasse um ano sem realizar uma exposição importante no território nacional. Internacionalmente, expos nas mais renomadas galerias e realizou exposições individuais nas mais importantes cidades do mundo, como na Exhibition of Print and Drawings of Latin American Artists, em Nova Iorque.
Mário Gruber - Homem com Pomba na Cabeça
Obra não é mercadoria, dinheiro só é conhecimento
Antimercadoria e antimercado, vendia suas obras apenas para sobreviver. Nunca gostou do dinheiro por dinheiro e começou a considerar vender suas obras por não dar certo em tentativas na política e por considerar que a pintura era o que mais sabia fazer. Essa forma de pensar fez com que Gruber nunca tivesse deixado de investir em seus conhecimentos artísticos. Maníaco por técnicas, considerava que elas são os meios que os artistas devem encontrar para se expressar. Gastou todo dinheiro que ganhou aprendendo coisas novas para seu trabalho e investindo em ferramentas que possibilitariam que ele enriquecesse seu repertorio.
Mário Gruber - Menino com Lagartixa
Mário faleceu em 2011 devido a complicações de um câncer. Suas obras estão nos museus mais importantes do mundo como no MASP, em São Paulo, e no Wisconsin State Museum College Union, nos Estados Unidos.